sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Irmãos de Sangue - Capítulo 3 - Sobre Lobos e Homens

A fogueira crepitava, envolvendo os três homens numa nuvem de calor que lutava bravamente contra o frio enregelante do deserto a volta deles, Johnny Goode alimentava as chamas e as cutucava com um galho longo, até que, dando-se por satisfeito, pegou o violão e começou a dedilhar uma música sobre a saudade da casa e o cansaço da viagem.
- Sabe, - comentou Jack Donelly - essa música nos traduz bem, exceto por uma coisa.
- É... - concordou Scott Callahan - não temos casa, o cansaço da viagem vai ser eternamente nosso companheiro.
- Desperados. - riu Johnny Goode - Eternamente desperados.
- Pra onde vamos daqui? - perguntou Scott
- Sacramento fica a mais meio dia de viajem, devemos partir quando o sol nascer e chegaremos lá por volta de meio-dia. - Jack explicou.
- E chegando lá? - Scott continuou
- Procurar nos saloons, perguntar nos becos, esse tipo de lugar, conseguindo uma indicação, o resto fica fácil. - Johnny falou com experiência. - E já que estamos aqui, que tal nos apresentarmos decentemente? Cada um conta sua história, de como chegou até aqui, e depois passa pro outro.
- Eu vou começar então. - disse Scott. - Vinte e quatro anos atrás eu vim da Escócia com meus pais, Bobby, meu irmão, nasceu na América, quando eu tinha oito anos meu pai aceitou uma proposta para integrar uma das caravanas de pioneiros que viriam para o oeste e nós viemos, aprendi a atirar com um senhor da caravana, chegamos ao Novo México e nos fixamos em um pequeno povoado, meu pai comprou uma briga com o grande fazendeiro local e foi morto, com treze anos vi meu pai morrer e matei dois dos assassinos com a arma do meu pai. - Ele tirou seu revólver do coldre que trazia na parte de trás do cinto e o olhou com carinho. - Minha mãe morreu quando nossa casa pegou fogo, eu tinha quinze anos na época, e foi uma vela que caiu na cortina, eu e meu irmão fomos pro orfanato, mas ele saiu logo em seguida, indo viver nas ruas. Eu aprendi o ofício de reverendo e depois entrei para a igreja.

O silêncio reinou por um tempo, até que Jack pigarreou.
- Bom acho que é minha vez. - Tirou o baralho do bolso e começou a embaralhar as cartas. - Sou filho de irlandeses, mas já nasci na América, no oeste mesmo, e desde pequeno cresci sabendo atirar, meu avô me criou e me ensinou desde pivete, ele era o velho xerife de uma cidade, quando cresci, me casei logo, e no primeiro ano de casado tivemos a Felicity, eu a amava, e amava sua mãe mais do que tudo. eu ganhava a vida como fazendeiro num rancho afastado da cidade, numa noite, nós ouvimos as vacas assustadas no pasto e saimos para olhar, no escuro eu me perdi da minha mulher, e depois de vagar um tempo pelo pasto eu a encontrei sendo dilacerada viva pelos lobos, matei todos com o revólver, recolhi minha esposa e no outro dia eu e Felicity a enterramos no rancho, depois daquilo eu desandei, comecei a beber e me vicei em jogo, perdi o rancho, mas eventualmente fiquei bom o suficiente em pôquer para viver disso, e vivia viajando com Felicity, pagando nossa vida com o dinheiro do jogo, até que... - Sua voz foi sumindo graudalmente até morrer.

Johnny Goode mexia o fogo em silencio com um galho longo, e a madeira seca estalava com o calor, então sorriu e disse:
- É, essa é a coisa engraçada sobre lobos e homens...
Voltou a ficar em silêncio, depois pigarreou e voltou a falar:
- Eu não tenho uma história cheia de reviravoltas, cresci com meu pai, um caixeiro andante viúvo, que me ensinou a atirar e a tocar violão, quando fiz quatorze anos economizei para comprar um violão, mas acabei comprando um rifle para ajudar meu pai no seu trabalho, no ano seguinte ele caiu doente e morreu, tomei seu violão e passei a viver como músico itinerante, ironicamente, até hoje sou melhor atirador que cantor, com dezessete anos toquei num saloon onde conheci Mary, me apaixonei por ela e nós acabamos nos casando, a voz dela era linda, e ela cantava as músicas enquanto eu acompanhava no violão, num dos saloons, durante um tiroteio eu acabei matando um amigo do nosso colega fujão e fiquei jurado de vingança, então em outra cidade, enquanto dormíamos ela foi ver quem batia na porta e acabou levando os tiros que eram pra mim, e depois disso tenho usado a desculpa de músico itinerante para caçar o desgraçado.

O silêncio reinou de novo, uivos foram ouvidos, perto da borda do círculo que a luz do fogo fazia, os três se colocaram de pé rápidamente, ficando de costas um pro outro, Jack pegou seu revólver e tirou três balas, distribuindo aleatoriamente as três balas restantes pelas seis câmaras , então engatilhou a arma e girou o tambor.
- Que merda é essa? - Perguntou Scott.
- Só uma aposta, quem tem mais sorte, nós ou os lobos. - Riu Jack.

Os lobos surgiram na luz e se lançaram contra os três homens, os dois primeiros caíram assim que saíram da escuridão, com dois disparos de Johnny, os outros seis se dividiram em trios e correrram contra Scott e Jack, Scott tirou os seus três de circulação com três disparos rápidos, e Jack ria a cada estrondo que anunciava que a câmara da sua arma estava carregada, logo os oito lobos jaziam no chão.
- Parece que ainda tenho jeito com apostas. - Riu Jack.
Com um rosnado feroz, um nono lobo saltou contra as costas de Jack, vindo de algum lugar onde nenhum deles havia visto, Jack se virou sabendo que não ia fazer diferença, suas três balas já haviam sido disparadas, colocou seu braço protegendo seu pescoço por mero reflexo, e quando sentiu a mandíbula do lobo acima do seu punho fechou os olhos e esperou pela mordida.
Um disparo ecoou na noite fria e o lobo foi jogado violentamente para longe, Scott estava ao lado de Jack, com o braço estendido e o cano do revólver fumegando e soltando fumaça, Scott guardou o revólver e se virou murmurando:
- Esse filho da puta ainda vai nos matar com essa compulsão por apostas...
Johnny contemplava todos os lobos mortos a volta deles e riu de novo.
- Essa é a coisa engraçada sobre lobos e homens, os dois só param de matar quando nós os matamos... Não sei como, mas isso deve ser engraçado para alguém.
E olhando para cima com um sorriso irônico, foi dormir.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Irmãos de Sangue - Capítulo 2 - E justiça para todos.

Scott Callahan atravessou a rua de terra batida cumprimentando cordialmente todos que via, os homens paravem e lhe erguiam os chapéus, e as mulheres curvavam a cabeça, Scott sorriu e abriu a porta do sallon, fazendo o barulho lá de dentro saltar para a rua e em seguida entrou e fechou a porta, selando o barulho.
Do lado de dentro, música e um vozerio disputavam espaço no ar abafado, garçonetes circulavam levando apalpadas indevidas, em um canto, homens jogavam pôquer e se acusavam de trapacear, sentado no balcão, um jovem tocava um violão animado, e cantarolava uma canção sobre um homem cuja mulher o deixara, na parte mais afastada do lugar, um homem sombrio bebia whisky direto da garrafa, parando de vez em quando para olhar em volta.
O barman viu Scott entrar e disse:
- Oh, reverendo, bem vindo de novo, Bobby está esperando-o na mesma mesa de sempre, e como andam os negócios?
- Bem, outra alma se arrependeu hoje. - Disse Scott sorrindo.
- Hahahaha, só o senhor, reverendo, - Riu o músico - pode propor um brinde? - Disse jogando uma garrafa de whisky para o reverendo e erguendo sua caneca de cerveja.
- Vamos ver... - começou Scott sem jeito - Alegria e paz para as famílias, prosperidade para os negócios, fartura para as pessoas e... e...
- E justiça para todos! - Ajudou o músico com ironia.
O saloon explodiu em risadas depois de ouvir aquilo, e o reverendo concordou, entre os risos.
- E justiça para todos. - E todos beberam
Aquilo era tudo uma piada, todos ali sabiam muito bem que a única justiça que se podia conseguir no Novo México naquela época era a que era feita com revólveres e carabinas, e essa justiça nunca chegava para todos, mas mesmo assim todos riram.

Numa das mesas de poquêr, Jack Donelly riu de novo quando percebeu o embaraço do reverendo.
- Eu gosto desse cara, só mesmo um reverendo para matar e parecer tão inocente mesmo assim. - Em seguida se virou para o homen a sua frente e disse - Vou cobrir sua aposta, e aumentar em 50 dólares.
O homem engoliu em seco e murmurou:
- Então eu vou pagar pra ver - E jogou 50 dólares na pilha que estava entre os dois.
- Muito bem, - sorriu jack Donelly - mostre as cartas.
- Flush. - disse o adversário mostrando cinco cartas da mesma cor.
- Uau. - Jack Donelly soltou um assobio, e colocou suas cartas na mesa, mostrando dois pares.
O outro homem sorriu e estendeu a mão para o dinheiro, mas a mão de Jack Donelly se estendeu e parou a sua.
- Que merda você está fazendo? - perguntou o homem
- Desculpe, - Jack sorriu - uma carta ficou presa na outra. - E dizendo isso puxou uma quinta carta debaixo de outra, formando uma trinca e um par. - Full house, então acho que isso é meu. - E deu uma piscadela para o seu adversário atônito.
- Você devia parar de fazer isso! - Disse uma garotinha ao lado de Jack.
- Ora, mas a cara de surpresa deles vale mais que o dinheiro. - disse Jack sorrindo - E é esse dinheiro que vai nos dar sustento até a próxima vez que precisarmos.
- Mas apostar é um jeito muito arriscado de viver, não acha? - A garota continuou.
- Se não tivesse risco não teria graça, Felicity. - Jack falou, como se aquilo fosse óbvio.
- Pai, como você é imaturo. - disse Felicity se levantandoe indo em direção a porta. - Vou rezar por mamãe, hoje é aniversário dela, está bem?
- Tudo bem querida, mais tarde eu irei até lá. - Jack deu um gole em seu copo de whisky e começou a juntar o dinheiro.

O barman se virou para o músico, e disse:
- Como disse que se chamava mesmo rapaz?
- Não disse, - Sorriu o músico - mas pode me chamar de Johnny Goode, nome artístico de John Brandon Goode. - estendeu a mão.
- E o que faz por aqui, Johnny Goode? - Perguntou o barman, apertando a mão que lhe fora estendida.
- O mesmo que o seu amigo apostador ali ou o senhor depressão sentado no canto escuro do saloon. - Riu Johnny. - Viajo, sem saber pra onde, sem saber por que, simplesmente viajo.
- Bom, enquanto estiver aqui, se animar meu saloon com sua música, terá comida de graça, Mr. Goode.
- Bom saber senhor, então vou começar agora. - E dizendo isso, pôs-se a tocar uma musica que falava sobre encruzilhadas.

- Hey bobby, como vai? - Disse Scott, sorrindo, ao se sentar na mesa.
- Scott, bem bem, e você mano? - Disse Bobby, com sua voz fraca e sumida, encolhido numa cadeira.
- Precisa de algo de novo? - Scott olhava com pena seu irmão, Bobby era frágil e covarde e vivia pedindo favores a Scott, sempre confusões em que ele se metia e não conseguia sair sozinho, mas apesar disso, Bobby era seu irmão, e Scott gostava dele.
- Bom, sabe como é, preciso de algum dinheiro, andei perdendo no pôquer de novo... - Bobby disse com um olhar furtivo para o irmão.
- De novo Bobby? Já lhe disse para parar de apostar, merda, por que não tenta arranjar um bom emprego pra variar?
- Hey, não é minha culpa Scott, eles devem ter me trapaceado, deve ser isso. - Bobby o olhou suplicante. - Vai me emprestar o dinheiro?
- Desculpe Bobby, não vai dar, está na hora de você consertar as bagunças que faz. - Disse Scott suspirando. - Vou falar com seus credores, que quando você tiver dinheiro você irá pagá-los, e você vai procurar um emprego.
- O quê??! Um emprego, grande ajuda a sua irmão! - E dizendo isso, Bobby se levantou e saiu pela porta.

O homem que ficara bebendo no canto se levantou, tirou uma nota de 10 dólares do bolso e entregou ao barman, e foi em direção à porta, lá chegando, abriu-a e deixou a jovem Felicity Donelly passar, Bobby Callahan se atirou pela porta aberta antes do homem poder sair, em seguida o homem saiu fechando a porta, e o burburinho do saloon continuou.
De repente tiros foram ouvidos, todos silenciaram, e Jack Donelly e Scott Callahan correram para fora, seguidos pelo músico.
Ao abrir a porta, encontraram Bobby Callahan e Felicity Donelly crivados de balas, já mortos, e um cavalo faltando, do homem que saira junto com eles não havia nem sinal.
- Por quê, por quê Felicity? No mesmo dia que sua mãe! Por que não fui eu? - Jack Donelly perguntava aos prantos.
Scott Callahan olhava o corpo de seu irmão sem saber o que fazer, não conseguia chorar, não conseguia ficar com raiva, sentia como se olhasse toda a cena de fora de seu corpo.
O músico se aproximou deles e disse:
- Eu sei quem fez isso.
Ambos se viraram para ele, e foi Scott Callahan que falou, mas sua voz soava distante, como se viesse de muito longe.
- Quem?
- O homem que saiu com eles. - Disse Johnny Goode. - Ele é um dos Quatro Cavaleiros, quando foi pagar o barman eu vi a marca feita a ferro no seu antebraço. Ele deve tê-los matado e fugiu em seguida.
- Mas porque? - Perguntou Jack Donelly, que segurava a cabeça da filha no colo.
- Isso nós só saberemos depois de pegá-lo, arrancar dele as respostas e em seguida matá-lo.
Ambos assentiram e se viraram para pegar cavalos. Então Jack se virou e disse:
- Como assim nós?
- Estou caçando esse bastardo a meses, obviamente vou com vocês. - Disse Johnny Goode. - Ele matou minha esposa. - Explicou.
- Mas você sabe usar um revólver? - Perguntou Scott.
- Revólver? Não. - Sorriu Johnny Goode. - Minha arma é o rifle. - E Dizendo isso, puxou um rifle de cano longo de um estojo que ficava embaixo do estojo de seu violão.
Os dois concordaram, Johnny foi até um terceiro cavalo, ao lado dos dois, os três montaram e cavalgaram até a entrada da cidade.

Os três se viraram para olhar a cidade, então Jack disse:
- Por vingança.
- E retribuição. - Continuou Johnny Goode.
- E justiça para todos. - Ironizou Scott

E dizendo isso, os três se viraram e sumiram na poeira do deserto.

Irmãos de Sangue - Capítulo 1 - Meu amigo da tristeza.

O sol a pino queimava o pescoço do viajante enquanto ele andava pela areia vermelha e seca, o vento levantava nuvens daquela areia que ardiam seus olhos e o fazia perder o rumo de tempos em tempos; O suor porejava da testa, das axilas, do pescoço, das costas, da virilha, os passos penosos no deserto podiam ser ouvidos a léguas; Até que ele levantou sua cabeça e viu à frente uma cidade, tomado de nova energia, respirou fundo e foi em direção a ela.
Chegou ao limiar do povoado meia hora mais tarde, amaldiçoando o tiroteio que tirara a vida de seu cavalo e sua falta de sorte em ficar sem transporte tão longe da civilização, quando passou pelo saloon viu um retrato seu afixado na parede, conteve o riso e seguiu em frente, ainda não era hora daquilo, poderia beber muito mais tarde, pensando nisso entrou na igreja.
Ao entrar na construção de madeira alta e larga, até mesmo ele se sentiu pressionado por uma atmosfera solene, e tirando o chapéu e as armas, se encaminhou ao confessionário e se pôs de joelhos.
- Perdoe-me reverendo, pois eu pequei. - disse de cabeça baixa.
- O que fizeste, meu filho?
- Matei homens, roubei, estuprei, sequestrei, torturei, causei dor e sofrimento a muitas pessoas.
- E se arrepende?
- Sim reverendo, me arrependo.
- Qual seu nome meu filho? - apesar do tom mais sábio e sério, a voz aparentava a mesma idade dele.
- Red Fox John, reverendo.
- E quer que te absolva de teus pecados, Red Fox John?
- Sim reverendo, por favor - disse Red Fox John baixando mais a cabeça.
O clique foi ouvido por toda a igreja, ecoando como se o lugar estivesse vazio, Red Fox John levantou os olhos e viu um cano prateado e fino passando através da grade de madeira do confessionário e apontando diretamente para sua testa.
- Está perdoado, Red Fox John.
O estampido baixo e abafado foi ouvido, depois o barulho de algo caindo pesadamente no chão e em seguida a porta do confessionário se abriu.
Um joven de aproximadamente vinte e oito anos saiu, usava a batina e escondia nas costas algo que soltava uma fina serpente de fumaça branca, tinha cabelos ruivos, olhos verdes e pele muito branca e usava um grande crucifixo de prata no pescoço, ele caminhou tranquilamente para a nave da igreja passando por cima do corpo do bandoleiro, e chamou dois empregados da igreja dizendo:
- Façam como sempre sim? Entreguem o senhor Red Fox John para as autoridades e peguem a recompensa, metade vai para a igreja e metade para a comunidade.
- Sim senhor, reverendo Callahan.
Dizendo isso, Scott Callahan se encaminhou para a porta e saiu para a rua de terra batida.

terça-feira, 16 de junho de 2009

E agora um pequeno texto...

Bom, no último post publiquei uma poesia minha, agora resolvi chutar o pau da barraca e mostrar também um texto em prosa, não tem muito o que falar, avaliem e me digam o que acham, pra um pretenso escritor a opinião de vocês é importante (ou não)....

Banalidade

Eu precisava de um cigarro. Mesmo já tendo parado há dez anos.
Não é engraçado como quando tudo ao seu redor acontece rápido demais para sua mente se fixar em algo você começa a pensar nas coisas mais banais?
Aquele era pra ser um dia comum, eu acordei - atrasado pra variar – não consegui fazer a barba, e o banho ia ter que ficar pra volta, de novo, escovei os dentes desesperado e sai de casa com metade de uma torrada na boca e tentando freneticamente colocar minhas calças. Desci quase rolando a escada do prédio e finalmente cheguei ao ponto de ônibus, suado e ofegante; “Grande!” Pensei “Nem cheguei no trabalho e já parece que eu corri a maratona.”
O ônibus naquele horário estava lotado, pra variar, aproveitei e desci três pontos antes, caminhando em ritmo rápido para chegar ao banco. Entrei naquele inferno de vidro, ar condicionado, dinheiro e gente (filas e filas de gente).
De repente, quatro carcamanos irromperam pelas portas, bradando ameaças e dizendo que aquilo era um assalto. Três deles usavam pistolas , e o último uma carabina, tudo começou a se mover em camêra lenta: As pessoas gritando, o tropel de pés em pânico, papéis voando, tiros para o alto, o gerente pedindo calma, os carcamanos xingando, as cadeiras caindo; tudo transcorria lentamente, e só o que eu conseguia pensar era: “Eu preciso de um cigarro.”
E por que um maldito cigarro?? Será que eu achava que ia resolver tudo com ele? “Olá, sou o gênio do maravilhoso maço de camel, fume três cigarros e vai ganhar três desejos, e de quebra ainda arrebento os meliantes de graça”. Não fazia sentido.
Antes que eu me desse conta, estávamos agrupados em um canto do banco, com um dos carcamanos nos vigiando enquanto os outros três roubavam tudo que podiam... Parecia que estávamos lá há horas, mas só haviam passado quinze minutos, e o cofre estava se mostrando difícil até para o gerente abrir.
Quarenta e cinco minutos, e a tensão aumentou, a polícia já estava lá fora, os repórteres também (malditos abutres, ansiosos por tragédias), e o progresso do roubo não era favorável aos meus colegas malfeitores.
Uma hora e meia, o roubo virava sequestro, a polícia pedia para negociar, os repórteres queriam conversar, e lá dentro, nenhuma melhora, ficava mais quente, os bandidos pareciam tensos, prestes a puxar os gatilhos por qualquer bater de portas.
Quando uma garota ao meu lado desmaiou, o carcamano praguejou e puxou a arma; a camêra lenta voltou mais forte, e eu precisava de um cigarro de novo... me lembrei de repente da propaganda do cigarro: "Boys be ambitious", com um galã sorrindo pra camêra – que diabos isso queria dizer?? Além do gênio, quando você fuma fica bonito e vira poliglota?? - Eu vi o carcamano apontar a arma, me lancei contra ele, ouvi-o xingar e o prendi numa chave de braço, os três tiros de seu colega foram se alojar no peito do meu azarado adversário; o aperto na arma afrouxou, arranquei-a de sua mão e me virei para os outros.
Dois disparos, errei o primeiro, mas o segundo acertou o carcamano que atirara em mim antes, a bala atravessou sua jugular e os outros dois se viraram apontando as armas pra mim. Um disparo e o carcamano que tinha a carabina ia parar de usar anéis; mais dois e o outro bandido ganhou uma nova narina e ventilação extra no cérebro. O carcamano da carabina ainda vivia, dei mais dois tiros, um errou, o outro acertou-o na perna; ele começou a engatinhar para a porta, a camêra lenta não acabava... Caminhei lentamente até onde ele estava, e dei mais dois tiros contra seu rosto, sem nem ouvir suas súplicas por piedade; em seguida eu larguei a arma.
Quem estava do lado de fora deve ter ouvido os estampidos; que foram o bastante para a polícia invadir, os reféns foram evacuados, e , enquanto saíam alguém espalhou que fora eu quem matara os bandidos.
Uma avalanche de repórteres me soterrou, eu mal conseguia ouvir suas perguntas, até que uma garota se fez ouvir:
-O que o senhor pensou para realizar este ato heróico?
As luzes batiam no meu rosto, as vozes me deixavam surdo, eu ainda sentia o peso da arma que eu largara dentro do banco em minha mão. E a camêra lenta não parava.
Deus, como eu precisava de um cigarro.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Poetry

Solidão

Todos somos solitários.
Abracei esta solidão e não consigo mais confiar,
E sozinho, dei as costas e fugi.
Por esta terra onde meus pés correram até se cansar,
Por este céu onde meus sonhos voaram para o infinito,
Por este mundo onde meu coração vagou até se perder,
Por esta vida onde minha alma mentiu até se fartar...

E pelos campos de outono
Procurei por coisas que não existem,
Até desistir de desejar um conceito,
Que não pode ser alcançado.
E sobre o chão forrado de folhas mortas me sentei
Para dar vazão ao nada dentro de mim.
Por quê? A melancolia é a única saída?

O outono é adequado para mim:
A morte lenta do que é velho e triste,
Para o advento do que é novo e alegre.
Mas este novo algum dia virá,
Num coração de outono eterno?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Lisbon Revisited

Bom, eu sei que prometia voltar a postar como antigamente, mas um desânimo sem igual e uma imensa vontade de mandar tudo e todos ao inferno me fizeram postar aqui uma poesia que li esses dias e que traduz perfeitamente o que estou pensando nesse momento.
Se gostarem comentem, se não ignorem ;~

Lisbon Revisited

Álvaro de Campos

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Pronto, a poesia está aí, em tempo, estou vendendo algumas emoções, tratar por comentário, qualquer oferta vale.
PS: Não tem música do dia hoje, não acho que alguém escute o que posto aqui mesmo. ;~
PS²: Uma frase pra fechar o post: "Por esperança eu daria tudo que sou."

quinta-feira, 7 de maio de 2009

We the people fight for our existence, We don't claim to be perfect but we're free

Ok, este post já estava na cabeça há muito tempo, e agora eu resolvi escrevê-lo, vou usar alguns termos pseudo-psicológicos e bobagens politicamente corretas do século 21 mas isso não quer dizer que eu concorde certo?

O post vai falar sobre arrependimento.
Na boa, acho arrependimento uma grande bobagem(não confundam com aprender com os erros ou reconhecê-los), com óbvias exceções -que aliás, são a confirmação da regra- arrepender-se é um ato de auto-negação.
Vou explicar: fala-se muito sobre amor-próprio, ser feliz com quem você é, estar confortável com você mesmo, e blablabla. Toda essa bobagem de auto-ajuda, pra conformar a pessoa se ela for uma merda e exaltar a pessoa se ela for boa. Mas uma coisa que eu acho engraçado, é que nunca vi ninguém falar nada de arrependimento.

Vamos colocar as coisas assim: Você ama quem você é? Esta confortável consigo mesmo? Feliz em ser você? Bom, se sua resposta for não, feche o blog e vá se arrepender à vontade meu caro, pois nada do que segue aqui vai servir pra você, e volte quando se amar ok?(e não cometas atos errados por causa do "se amar")

A coisa é simples, se você ama quem você é, você não pode se arrepender. Simplesmente NÃO PODE. Por que se você ama a si mesmo, então você ama cada acontecimento da sua vida. Cada um, mesmo os ruins, mesmo os péssimos. Afinal, cada um deles contribuiu pra tornar você quem você é, cada um, mesmo seus erros, mesmo quando você magoou alguém, mesmo a maior merda que você poderia ter feito; tudo isso, absolutamente TUDO isso, tornou você quem você é hoje, então se você se arrepende, se você se recrimina por determinado ato, você se recrimina por ser você, você se renega. E se você se renega, você não se ama certo?

A coisa é simples, errar é normal, é corriqueiro, todo mundo erra, e todo mundo vai errar, hoje e sempre, e aqui vai uma novidade para alguns: Você errou, mas o mundo gira do mesmo jeito que ontem, as pessoas acordaram e foram para o serviço do mesmo jeito que antes, pessoas morreram do mesmo jeito que antes. Nada parou porque você cometeu um erro, magoou alguém, fez algo, etc. Errar, magoar, não é o fim de tudo, é uma etapa, uma etapa de um ciclo que não vai parar, e do qual você é apenas uma peça. Se você errou, conserte, se magoou alguém, desculpe-se, mas nunca jamais se arrependa, simplesmente levante-se e continue indo, carregando mais este peso ns costas, tenha coragem de assumir seus erros sem usar a clássica escapatória "se eu pudesse voltar no tempo, não faria isso".

Seja você e você por completo, sem fugir, sem se esconder, assumindo tudo que faz, tomando as consequências por suas ações, sem recuar por covardia ou medo, sem se arrepender.

PS:Esse post ficou mega auto-ajuda, alguém manda pro Paulo Coelho? Eu posso acabar ajudando ele a escrever um livro depois dessa D:
Vídeo do dia: Less Than Jake - Rest of my Life:

Somewhere PS: O que aparece escrito no vídeo é: "O dia em que a criança descobre que todos os adultos são imperfeitos, ela se torna adolescente, no dia em que ela os perdoa, ela se torna um adulto, no dia em que a criança perdoa a si mesma, ela se torna sábia." Alden Nowlan

terça-feira, 5 de maio de 2009

Poetry for ya

Agora uma coisa com a qual eu tenho me sentido muito identificado ultimamente, uma poesia de Álvaro de Campos, sem mais o que dizer, comentem o que acharam.

Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


Sem + por hj, divirtam-se com a leitura

HAIL o/

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Post debate 1. Tema: "Pena de Morte"

Bom, hoje é uma segunda-feira chuvosa e chata, e não sei porque tive essa idéia enquanto tentava caçar algo na geladeira para comer.
Depois de comer uma carne suspeita(que resultou em viagens alucinógenas) tive a singela idéia de fazer uma coisa diferente pra variar: Um "Post Debate". Tãdãããã!!! \o/
Tá bom, pra quem não entendeu a idéia, aqui vai o briefing: Eu vou dar um tema, e as pessoas vão comentar sobre suas opiniões à cerca daquele tema nos comentários, como se fosse um debate "à moda orkut". Como sou o mediador, vou assumir uma postura neutra, assim não vou opinar sobre as opiniões dos outros, vamos dar um pouco mais de interação nisso aqui!!
Só faço um pedido, justifiquem suas opiniões sem usar frases feitas como "Deus diz que é errado" ou "segundo a bíblia". Tá, tá, eu já sei a opinião deles, eu quero a sua ok?
Então vamos ser um pouco mais racionais e lógicos, não faz mal a ninguém certo. =)
E por favor não, façam ataques pessoais, isso desvirtua seu argumento e deprecia a discussão. ^^ (Mas a ironia está permitida =DD - até porque, seria irônico eu proibir a ironia ;D).

Sem mais por hoje.
Cheers. o/

Música do Dia: Oasis - The Masterplan

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Californication (não é o do Red Hot)



Bom, post nada a ver com o que eu costumo comentar aqui, mas eu acho que por diversos motivos esse post merecia ser feito, e eu vou explicá-los aos poucos.
Primeiro: Não, este não é o albúm da banda Red Hot Chili Peppers, muito menos a música homônima da mesma banda, este post fala de uma das melhores produções televisivas atualmente, e que por várias razões provavelmente não seja exibida na tv aberta. ;D

A série trata sobre Hank Moody, um escritor que há alguns anos passa por uma crise criativa, depois de um grande sucesso, e que vive uma vida bastante desregrada, à base de bebidas, cigarros, mulheres e desavenças (que vez por outra levam a uma briga). Bastante desbocado, arrogante e irônico, ele é a peça central de um drama que trata da vida dele; depois de ser abandonado pela ex-namorada(com quem tem uma filha), ele recebe o convite de escrever um blog para uma revista, que por acaso pertence ao atual namorado de sua ex. Dedicado a ter de volta sua ex em sua vida (nem tão dedicado assim) ele continua levando sua vida de autodestruição e ironia, embora agora tenha um objetivo. Modelo de ambivalência entre talento e instabilidade, ele não se preocupa com nada a não ser a próxima mulher, a próxima bebida, o próximo trago ou a próxima briga. Adora irritar seu patrão, e seu agente, o humor recheado de drama dá o tempero à série, e as altas doses de sexo e drogas a coroam com platina.
Além de Hank "homem que poderia fazer Dr. House parecer um escoteiro" Moody, o cara mais autodestrutivo, irônico, fdp e cool que existe, outros personagens dão seu toque à série:
Karen van der Beek: Ex-namorada de Hank, apesar de querer esconder, ainda sente algo por ele.
Rebbeca "Becca" Moody: Filha de Hank e Karen, tudo o que quer é ter os pais juntos de novo.
Além deles há: Charlie Hunkle (editor e "amigo wilson" de Hank Moody), Bill Lewis (noivo de Karen).

Vou terminar por aqui, e deixar vocês querendo assistir essa que na minha opinião é uma das melhores séries novas que tem.

Música do dia: Skid Row - 18 and life (de novo, não achei o clipe e peguei essa ao vivo de merda >.<)


PS: Só mais um motivo pra vocês assistirem californication: É estrelada por David Duchovny (Fox Mulder de arquivos X).

Coisas que aprendemos assistindo Californication:

Garotas de 16 anos nem sempre aparentam essa idade;

God Hate Us All é um ótimo título para um livro;

Acordar com uma estranha é melhor do que uma noite sozinho;

Para ser um comedor não é preciso abandonar o cavalheirismo;

Quando você acaba de acordar, o melhor a se fazer é acender um cigarro;

Quando você briga com a patroa, o melhor a se fazer é acender um cigarro;

Quando alguém põe uma arma na sua cabeça e leva o seu carro, o melhor a se fazer é acender um cigarro;

Californication não é para crianças.

Cheers o/

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Well because we're doing fine And we don't need to be told That we're doing fine Cause we won't give you control...

Esse post é em homenagem à volta as aulas, porque uma coisa que me irrita muito que eu vejo na escola já começou, e acho que isso devia acabar, mas como eu não tenho poder pra parar isso, vou só xingar um poukinho...

Vamos começar com a questão básica: Qual a função do professor? Antigamente (antigamente quer dizer, época antrior à minha, então o que estou dizendo aqui baseia-se nas informações do meu pai - que é professor). Antigamente, a fução do professor era transmitir o conhecimento, ou seja, fórmulas, regras de gramática,revolução industrial e etc. De lá pra cá a função do professor aumentou, agora ele deveria ensinar os alunos a serem indivíduos críticos, capazes de melhorar a sociedade em que vivem, "pessoas melhores", vamos chamar assim. Mas porque eles não fazem isso?

Eu estou na escola oito horas por dia, e vejo isso com freqüência, os professores incutem nos alunos os valores deles, sempre que podem, ao invés de deixar o aluno encontrar os próprios valores. Isso não é ensinar a ser crítico, isso é fazer uma leve lavagem cerebral.
O certo seria o professor promover um debate na sala, para que os alunos que defendessem determinado ponto fossem forçados a pensar em argumentos para defender o lado que estão, para forçá-los a pensar se tal lado vale a pena!! Mas ao invés disso o professor prefere discorrer horas sobre os valores dele, que sinceramentem nem são válidos(pelo menos os dos meus professores), isso é uma idiotice, por mais que o professor tenha certeza de que os valores dele estejam corretos, se ele formasse indivíduos críticos, e eles ponderassem os valores, e os do professor estivessem certos, eles acabariam por optar pelos valores do professor certo?? E se os valores do professor estiverem errados, e ele preferir ensinar eles a ensinar os alunos a serem críticos, ao invés de indivíduos críticos capazes de escolher os valores corretos, temos um monte de indivíduos que acreditam nos valores errados do professor, então além dos diversos problemas que esses valores errados podem acarretar, temos um professor que não cumpriu sua função.

Será que é tão difícil assim eles pensarem nisso? Será que não é lógico tudo o que eu falei ali em cima? Será que as pessoas são tão lerdas a ponto de não perceber isso?

Por exemplo: O professor não deveria dizer a seus alunos que a pena de morte é errada, ele devia perguntar oq cada aluno pensa da pena de morte, isso geraria dois lados na sala, os a favor e os contra, e eles debateriam para ver que lado teria a razão (na minha opinião os a favor), e o professor apenas intermediaria, esse tipo de aula além de tudo seria muito mais dinâmica e interessante do que um nanico sem pescoço, que cospe quando fala, tem mau hálito, língua presa e é um imbecil discorrendo sobre os valores idiotas dele por duas horas.

Mas fazer o que né? Acho que até os professores soubessem como formar indivíduos críticos eles devessem se limitar a ensinar matéria, o estrago assim é menor.

Hey, Teachers, live the kids alone!!!! o/

PS:Dou boas vindas a pah, uma amiga e mais recente blogueira, sucesso pah. ^^

Música do dia: Pink Floyd - Another brick in the Wall:

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

I've been caught stealing; once when I was 5... I enjoy stealing. It's just as simple as that....

Let's go o/
Vamos falar de um tema muito importante para todos nós que somos pessoas boazinhas que gostam de ajudar o próximo, fazer o bem, ser legais e tals: A honestidade... (quando eu disse "nós", eu quis dizer "vocês").

Todos nós somos ensinados desde pequenos, que devemos ser honestos, fazer apenas o que é certo, ser sempre pessoas íntegras, etc, etc, etc...
Mas será que esse ensinamento vale mesmo?? Num país em que os "honestos" amargam misérias e vidas sofridas, e os "desonestos" ganham horrores, para fazer recessos e farras parlamentares, e gastar com cartões corporativos, e inventar CPIs para dizer que trabalham(segundo José Simão, CPI quer dizer Coma a Pizza Inteira), querer ensinar a uma criança que ela deve ser honesta só pode ser visto como um exercício de ironia.
E eu usei as aspas, porque na verdade ninguém é honesto, as pessoas só dizem que são, e fazem ser honestas quando isso lhes convém. Um exemplo simples: Você está dirigindo pela rodovia, acima do limite, um carro passa em sentido contrário e dá um sinal dos faróis de que há uma parada policial à frente. O que você faz? Diminui até o limite e passa pela parada como se estivesse tudo bem? Ou você reduz a velocidade e pede para o guarda multá-lo porque você estava acima do limite?
Sendo sincero qualque um responderia que passaria por lá como se estivesse tudo bem. Não satisfeitos? Outro exemplo: Você compra alguma coisa,e o vendedor te dá troco a mais, você devolveria ou iria embora sem falar nada? E se o troco viesse a menos? Ah, agora estamos chegando a algum lugar não?

Uma resposta sincera a qualquer uma dessas questões seria a comprovação necessária para salientar os meus argumentos iniciais.

A honestidade foi e é muito útil aos desonestos, porque eles que não se limitam por uma ilusão que eles próprios criaram para si mesmos e assim podem fazer as coisas que precisarem para alcançar o que eles desejam, no final das contas, a honestidade praticada hoje é apenas um limitante, não trazendo benefício real algum, apenas o conforto de uma ilusão implantada por nós em nós mesmos.

Eu não me iludo, não alardeio ser honesto, ou bonzinho, ou nenhuma dessas idiotices, como já disse antes, me assumo como ser humano, egoísta, neutro, passivo de atos maus e bons, ganancioso, egoísta e individualista, coisa que se as pessoas fizessem seria melhor.

A honestidade é uma palavra bela, e uma bela idiotice, se nós percebessemos o quanto hipócrita nós somos, quem sabe melhorássemos isso? Na verdade a honestidade não é uma coisa opcional ou facultativa, ela "existe" por pura e mera imposição, subentendida ou explícita, ninguém deixa de roubar algo por que isso é feio e desonesto e os ruins vão para o inferno(pelo menos ninguém normal '-') as pessoas deixam de roubar por que elas sabem que caso roubem e sejam pegas, elas vão sofrer consequências, e essas consequências vão ser pesadas porque a força do estado é superior à delas, o que não impede que certas pessoas roubem.
O que é menos desonesto? Uma mãe que rouba um pão para seus filhos com fome ou um deputado que desvia milhões de alguma obra? E por que há tratamentos diferentes? Porque as forças da pessoa que comete a desonestidade pesa mais ou menos.
Se todos nós tivéssemos a força de um deputado, faríamos o mesmo que ele, não se iludam.

E assim como eu disse da bondade, o mesmo vale para a honestidade, ela é salientada como exemplo por que a maioria das pessoas não o é.

A honestidade é contrária à própria natureza humana, que é egoísta e inescrupulosa, e não tem valor para nós, por mais que digamos e façamos o contrário.

E por último, uma coisa que não tem nada a ver com o assunto aqui tratado mas eu decidi postar: Existe uma exceção nas regras de sujeito e predicado da língua portuguesa: na frase "Deus não existe." Não há sujeito, porque o sujeito "deus" não existe de verdade.(piadinha de ateus, se não gostaram, paciência).

Música do dia: Jane's Addiction - Been Caught Stealing:

(eu não achei o maldito vídeo original, que era uma caricatura bem legal de uma pessoa roubando num supermercado, então tive que por essa porcaria de versão ao vivo ú.u Youtube, I hate you, your son of a fucking bitch o/)

Cheers. o/

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tell me when the kiss of love becomes a lie...

Este é o famoso post pedido pelo meu amigo Dogão, sobre "o maravilhoso e especial fenômeno da expansão do amor global e total via orkut" ou popularmente "amorkut", apesar de ele já ter feito três posts sobre o assunto (o que me deixou levemente sem material para desenvolver o texto mas vamos lá...)

Ele já passou da minha atual reação frente ao maravilhoso "amorkut", ele se irrita e exaspera, já eu, ainda me divirto (o que não faz grande diferença, qualquer coisa que a sociedade faça me diverte). O que ele diz é verdade, cara conhece garota, cara fica com garota, cara se despede de garota com a famosa frase "tem msn?" (que agora figura entre as três frases mais repetidas pelos homens em geral, junto com "se doer, é só você falar que eu paro" e "eu estava pensando em você o tempo todo, ela não significa nada pra mim."), a garota passa o msn, eles se "add" pelo msn e pelo orkut, o cara começa a enviar depos para a garota cheio de romantismos, a garota aceita, cara conhece outra garota, mesma história, cara decide mudar de foco, garota A briga com ele, garota B descobre sobre garota A, cara fica sozinho e garotas acham que homem não presta.

Mas por que as pessoas fazem isso? Quero dizer, o cara a gente já sabe por que fez, foi pra "pegar" as duas gatinhas, mas por que as duas acreditaram, e deixaram ele seguir com isso?? Quero dizer, as pessoas(em sua maioria) não são mais ingênuas, será que elas não sabem que é mentira? Pessoalmente eu acho que elas até sabem, mas a sociedade cobra tanto que a pessoa tenha tudo "uma boa casa, um bom emprego, um(a) bom(oa) companheiro(a)" que as pessoas começam a aceitar qualquer um(a) com esperança de que ele(a) seja "the one".

Ou então, o que é mais provável, a sociedade se tornou mais promíscua, isso é inegável, mais promíscua, sexualmente liberal, e mais livre(não que isso seja ruim, pelo contrário, quanto mais liberdade, melhor), então todas as pessoas se relacionam e trocam de parceiros a uma velocidade muito maior, isso meio que obriga os "sentimentos" a serem o mais fugazes e intensos possível, para que tantos relacionamentos efêmeros tenham algum significado. As pessoas se enganam sobre o que sentem umas pelas outras para poderem justificar os atos que elas cometem...

A verdade é que o ser humano se cerca de ilusões e convenções sobre o amor, como por exemplo: "Alma Gêmea", supostamente, é a pessoa perfeita para você, sua cara-metade, a pessoa que te completa perfeitamente, e todo mundo teria a sua. Vamos ser reais aqui, o mundo tem 6 bilhões de pessoas, e todo mundo têm uma pessoa que a completa perfeitamente, para a conta funcionar, vamos deixar homens e mulheres com a mesma quantidade e vamos desconsiderar a idade das pessoas ok? Isso dá 3 bilhões de homens e 3 bilhões de mulheres, o que quer dizer que cada homem tem 1 chance em 3 000 000 000 de achar a pessoa perfeita para ele, e como ela pode estar em qualquer lugar do mundo, a chance ainda diminui mais. Ou seja: "pack your shit folks, we are heading to damnation, next stop, stupidity station."

O "amorkut" é só mais uma dessas ilusões, some a isso o fato de o ser humano não ter coragem para ser sincero e você tem o mais novo braço armado do vaticano, conhecido como "orkut", e lá as pessoas realmente são falsas.
Eu lembro de dois amigos que estava conversando, um virou pro outro e falou: "ei cara, vamos jogar second life?" e o outro respondeu "não eu já tenho orkut." XD

hsuahsuahsuahsuahsuahsushauahsusahusahuash

Isso é o que eu tenho a falar sobre esse assunto, o resto o Douglas já falou aqui:
Post 1:Amor é o karaleo!!!
Post 2:Amor o confronto Final!!!
Post 3:De novo novamente outra vez!!!!

Só pra constar Dogão, esse merchan aí em cima não vai sair de graça não hein XD

Mas é isso, o que eu podia falar eu falei, o que eu não falei é porque o Dogão falou antes.

Amor e "amorkut", think about it o/

Música do Dia: Mika - Love Today.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Nobody will ever let you know When you ask the reasons why They just tell you that you're on your own Fill your head all full of lies...

Boom, já estou devendo dois posts, para dois amigos, um sobre esperança e outro (homenageando o Douglas) sobre direitos humanos e tal; mas como dever posts tem me inspirado a escrever outros posts, vou continuar devendo esses por mais um tempo e escrever sobre uma coisa que me veio a cabeça, e que nunca falei nesse blog: Maniqueísmo.

Palavrinha gostosa né? Ela rola pela língua, desliza nos dentes e derrete na boca. E todos nós sem exceção já usamos isto como justificativa. Mas o que quer dizer essa palavra? Bom vamos ver:

Maniqueísmo:Retrata a batalha do Bem contra o Mal e toda doutrina calcada nessa premissa. Originou-se de uma doutrina da Grécia antiga que tinha como base essa dualidade.

Para quem não conhece a personalidade que eu vou citar agora, eu apresento: McNamara (era um figurão dos USA durante a II Guerra Mundial e Guerra do Vietnã) disse isso, não vão ser exatamente as palavras que ele usou, mas o sentido é exatamente igual:
"O Julgamento de Nuremberg (ocasião em que os cabeças do nazismo foram julgados por um tribunal de aliados por seus atos durante a guerra) foi com eles (nazistas) porque nós vencemos a guerra, por que se nós tivéssemos perdido, eles teriam feito o mesmo conosco."
É bem por aí, os USA fizeram uma bela pose como defensores do bem, da humanidade e tudo. Mas sempre me admirou como eles podiam sustentar essa pose e criticar o que Hitler fez aos judeus, sendo que os colonos americanos foram igualmente impiedosos com os índios durante as viagens dos pioneiros para conquistar o "Oeste Selvagem". Outro exemplo de países hipócritas: todos os países colonizadores europeus, pois todos eles promoveram "povoações" em seus países-colônias à custa da vida de muitos dos índios. Assim como nós brasileiros não podemos bater no peito e dizer "eu não fiz isso!" afinal de contas, foram os nossos antepassados que promoveram a carnificina conhecida como "Guerra do Paraguai". E o mais novo exemplo de hipocrisia conveniente: Os judeus de Israel, contra os árabes da Palestina, sempre me perguntei como um povo que clama ter sido mal-tratado por toda a humanidade ao longo de séculos(os judeus) pode se esquecer de todo esse sofrimento por ele agüentado(um viva às velhas regras de português!! O trema rulez!! \o/), para inflingi-lo de volta em outro povo(os árabes). E tem sempre algum repórter otário que faz a velha pergunta:"Quem está certo?"

A resposta verdadeira é simples, embora as pessoas não gostem de admiti-la: Quem ganhar está certo. Não existe Bem ou Mal, até que haja um vencedor, pois é o conceito de Bem e Mal do vencedor que vai ser o conceito considerado pela sociedade na qual ele está inserido. Todo esse conceito de Bem ou Mal é puramente subjetivo, e ninguém tem autoridade para definir o que exatamente é o Bem ou o Mal.

Inclusive, seguindo o próprio conceito de Bem e Mal da sociedade, o ser humano é Mal, essencialmente mal e egoísta, e se o Bem deve prevalecer sobre o Mal, nós devíamos ter sido eliminados. Alguns podem até discordar de mim, mas se o ser humano não é mal, por que os atos de bondade são tão noticiados pela mídia? Se o que distoa do resto é o que chama a atenção, e o ser humano não é mal, por que não é a maldade que é tão demonstrada pela mídia? (excluem-se aqui as tragédias, que são noticiadas justamente por serem tragédias e vez por outra, envolve humanos causando dano a outros humanos).

Toda essa história de Bem e Mal é apenas uma desculpa do ser humano para se considerar bom. (por que será que as pessoas não aprendem a se ver como são? Seres humanos, passivos de atos de maldade com muito mais freqüência do que atos de bondade).

A bem da verdade, a vitória do Bem contra o Mal nem mesmo existe, por que se o Bem vencer e eliminar o Mal, não haverá mais Mal, e se não houver mais Mal não há mais Bem. É tudo mais uma ilusão criada pelo ser humano como conforto frente à sua verdadeira essência.

Aleister Crowley é que era um cara esperto, quando criou sua doutrina do Thelema, ele escreveu : "Fazei o que tu queres pois há de estar tudo sob o julgo da lei". Basicamente isso, ou seja: Não importa se é bom ou mal, apenas faça o que você quer, e arque com as conseqüências. E todo mundo deveria pensar da mesma maneira.

Do What Thou Wilt!!!! o/

Música do dia: Bruce Dickinson - Sabbath Bloody Sabbath:

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Nothing to do, nowhere to go, oh, I wanna be sedated/Psycho Therapy Psycho Therapy Psycho Therapy, All they wanna give me

Este post vem de um tópico qualquer, numa comunidade qualquer, que eu li numa madrugada qualquer, eu tinha prometido um post sobre esperança pra um amigo, mais isso vai ficar pra próxima x)...

Bom, na verdade o tópico não tem nada a ver, mas o cara que havia comentado lá falou sobre "viver zen", medicina chinesa e outras coisas desse tipo. Vou importar uma frase do Drauzio Varella, a frase dele é mais ou menos assim: "As pessoas falam muito em "medicina chinesa" hoje em dia, mas sabe qual era a expectativa de vida de um chinês naquela época?? 35, 30 anos no máximo." Aeee Drauzio, falou tudo!(eu adoro esse cara).
E como disse o cara lá do fórum, as pessoas abandonam todos os confortos obtidos pela humanidade na vida moderna para tentar ser mais zen e se harmonizar com o espírito...

Ah, vão para o inferno!!! Quer ser natural de verdade? larga a cidade grande e vai morar no mato comendo casca de árvore e bebendo água da chuva, nada mais natural que isso.
E como assim se harmonizar com o espírito?? Quer dizer que você prefere acumpuntura a penincilina para curar uma gripe?? Quem é seu espírito? Alguém da Dinastia Ming?? Ou então você só come comida natural, então seu espírito é o Tarzan?? Por que será que essas pessoas nunca usam de lógica plausível para suplantar seus argumentos?? Como no caso do Feng Shui, que harmoniza a casa e o espírito... O que claramente significa que todo mundo têm um decorador interno que não agüenta aquele criado-mudo do lado da porta e por isso não te deixa ser feliz... - -'
Ou então o vegetarianismo(desculpa João xD); já ouvi muita gente dizer que não come carne para não fazer o bicho sofrer, mas se nós não nos alimentarmos de bois, galinhas e porcos, eles vão ser extintos, a única serventia deles na natureza é essa... Aos vegetarianos: esta é a cadeia alimentar, prazer em conhecê-los; não se vê um vegetariano ralhando com um leão por ter devorado a gazela, e a única diferença do que o leão faz para o que nós fazemos é que ele caça e nós não, será que se todo mundo soltar um bando de vacas numa planíce, vestir tangas e sair gritando com lanças nas mãos eles vão ficar felizes??

Não entendo esse povo, por quê tanta idiotice junta? Não é hipócrita demais, você ir de carro todo dia para o trabalho, e quando vai almoçar, pegar uma salada e um chá verde no self-service porque você "quer ser mais zen"? Ou então aquele cara que é tão gordo que precisa de bumerangue só pra passar o cinto, vai no shopping, para no Mcdonald's, pede 10 Big Macs, 5 Fritas grandes e uma Coca Diet... oO''
E por quê bois e vacas são melhores que plantas?? Eles são todos seres vivos, nascem, crescem, se reproduzem e morrem exatamente da mesma maneira... Mas não é justo nos alimentarmos deles... Oh não! Já sei!! Vamos comer pedras!!! *¬*

O ser humano é uma criatura muito cretina mesmo, ele ralou séculos para chegar onde está e agora rejeita todos os avanços que ele conquistou... Delícia de hipocrisia hein?? Tem gosto de... Tomate!!(eu ia dizer picanha, mas estou tentando ser mais zen ¬¬)

Por que não usar tudo de que nós dispomos? Por causa do nosso espírito? O MEU vai muito bem obrigado e eu não rejeito um bom churrasco de domingo. Por que as pessoas não se preocupam com coisas mais mundanas em vez de temer esses "desarranjos espirituais"? (juro que quando ouvi falar nisso pensei em um fantasma com diarréia)
Por exemplo, ao invés de se preocupar com seu espírito, que tal tentar diminuir a violência hoje hein? u.ú

Viva a vida mundana e desispiritualizada o/

Uma pequena reflexão sobre a humanidade:


Música do Dia: Seether - Fake It