sábado, 2 de julho de 2011

If you see her, say hello - Bob Dylan

Se você a vir diga olá, ela talvez esteja em Tangier.
Ela foi embora na última primavera, está vivendo lá, eu ouvi.
Diga por mim que eu estou bem, apesar de as coisas estarem devagar
Ela pode pensar que eu a esqueci, vá dizer a ela que não.

Nós tivemos uma briga, como amantes às vezes têm
E pensar em como ela foi embora aquela noite, ainda me dá calafrios
E apesar de nossa separação ter perfurado meu coração
Ela ainda vive dentro de mim, nós nunca estivemos distantes.

Se você chegar perto dela, beije-a uma vez por mim
Eu sempre a respeitei por fazer o que ela fez, e ser livre.
Oh, o que quer que a faça feliz, eu não vou ficar no caminho.
Apesar de o gosto amargo ainda persistir, da noite que eu tentei fazê-la ficar

Eu vejo muitas pessoas, conforme eu faço as viagens
E eu ouço a voz dela aqui e ali, enquanto eu vou de cidade em cidade
E eu nunca me acostumei com isso, eu só aprendi a desligar
Ou eu sou muito sensível, ou então eu estou amolecendo.

Pôr-do-sol, lua amarela, eu revivo o passado,
Eu sei todas as cenas no coração, elas passaram tão depressa
Se ela estiver passando de volta por aqui, eu não sou difícil de achar,
Diga que ela pode me procurar, se ela tiver tempo.

Bob Dylan cantou a separação como ninguém, e mais do que qualquer outra coisa, eu queria não entender sobre o que ele falava.

sábado, 25 de junho de 2011

Quando eu morrer quero ficar. - Mário de Andrade

Quando eu morrer quero ficar

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.