terça-feira, 16 de junho de 2009

E agora um pequeno texto...

Bom, no último post publiquei uma poesia minha, agora resolvi chutar o pau da barraca e mostrar também um texto em prosa, não tem muito o que falar, avaliem e me digam o que acham, pra um pretenso escritor a opinião de vocês é importante (ou não)....

Banalidade

Eu precisava de um cigarro. Mesmo já tendo parado há dez anos.
Não é engraçado como quando tudo ao seu redor acontece rápido demais para sua mente se fixar em algo você começa a pensar nas coisas mais banais?
Aquele era pra ser um dia comum, eu acordei - atrasado pra variar – não consegui fazer a barba, e o banho ia ter que ficar pra volta, de novo, escovei os dentes desesperado e sai de casa com metade de uma torrada na boca e tentando freneticamente colocar minhas calças. Desci quase rolando a escada do prédio e finalmente cheguei ao ponto de ônibus, suado e ofegante; “Grande!” Pensei “Nem cheguei no trabalho e já parece que eu corri a maratona.”
O ônibus naquele horário estava lotado, pra variar, aproveitei e desci três pontos antes, caminhando em ritmo rápido para chegar ao banco. Entrei naquele inferno de vidro, ar condicionado, dinheiro e gente (filas e filas de gente).
De repente, quatro carcamanos irromperam pelas portas, bradando ameaças e dizendo que aquilo era um assalto. Três deles usavam pistolas , e o último uma carabina, tudo começou a se mover em camêra lenta: As pessoas gritando, o tropel de pés em pânico, papéis voando, tiros para o alto, o gerente pedindo calma, os carcamanos xingando, as cadeiras caindo; tudo transcorria lentamente, e só o que eu conseguia pensar era: “Eu preciso de um cigarro.”
E por que um maldito cigarro?? Será que eu achava que ia resolver tudo com ele? “Olá, sou o gênio do maravilhoso maço de camel, fume três cigarros e vai ganhar três desejos, e de quebra ainda arrebento os meliantes de graça”. Não fazia sentido.
Antes que eu me desse conta, estávamos agrupados em um canto do banco, com um dos carcamanos nos vigiando enquanto os outros três roubavam tudo que podiam... Parecia que estávamos lá há horas, mas só haviam passado quinze minutos, e o cofre estava se mostrando difícil até para o gerente abrir.
Quarenta e cinco minutos, e a tensão aumentou, a polícia já estava lá fora, os repórteres também (malditos abutres, ansiosos por tragédias), e o progresso do roubo não era favorável aos meus colegas malfeitores.
Uma hora e meia, o roubo virava sequestro, a polícia pedia para negociar, os repórteres queriam conversar, e lá dentro, nenhuma melhora, ficava mais quente, os bandidos pareciam tensos, prestes a puxar os gatilhos por qualquer bater de portas.
Quando uma garota ao meu lado desmaiou, o carcamano praguejou e puxou a arma; a camêra lenta voltou mais forte, e eu precisava de um cigarro de novo... me lembrei de repente da propaganda do cigarro: "Boys be ambitious", com um galã sorrindo pra camêra – que diabos isso queria dizer?? Além do gênio, quando você fuma fica bonito e vira poliglota?? - Eu vi o carcamano apontar a arma, me lancei contra ele, ouvi-o xingar e o prendi numa chave de braço, os três tiros de seu colega foram se alojar no peito do meu azarado adversário; o aperto na arma afrouxou, arranquei-a de sua mão e me virei para os outros.
Dois disparos, errei o primeiro, mas o segundo acertou o carcamano que atirara em mim antes, a bala atravessou sua jugular e os outros dois se viraram apontando as armas pra mim. Um disparo e o carcamano que tinha a carabina ia parar de usar anéis; mais dois e o outro bandido ganhou uma nova narina e ventilação extra no cérebro. O carcamano da carabina ainda vivia, dei mais dois tiros, um errou, o outro acertou-o na perna; ele começou a engatinhar para a porta, a camêra lenta não acabava... Caminhei lentamente até onde ele estava, e dei mais dois tiros contra seu rosto, sem nem ouvir suas súplicas por piedade; em seguida eu larguei a arma.
Quem estava do lado de fora deve ter ouvido os estampidos; que foram o bastante para a polícia invadir, os reféns foram evacuados, e , enquanto saíam alguém espalhou que fora eu quem matara os bandidos.
Uma avalanche de repórteres me soterrou, eu mal conseguia ouvir suas perguntas, até que uma garota se fez ouvir:
-O que o senhor pensou para realizar este ato heróico?
As luzes batiam no meu rosto, as vozes me deixavam surdo, eu ainda sentia o peso da arma que eu largara dentro do banco em minha mão. E a camêra lenta não parava.
Deus, como eu precisava de um cigarro.

4 comentários:

Nuno Coelho disse...

Ótimo texto!

Maria Luísa Marc disse...

naum falo nada gui =X

Lucas Aquiles disse...

ou naum

adorei

o ou naum claro

somentchy

(ou naum)

Geisson Lobo disse...

Esse personagem merece novos contos xD